Economia Circular da PH: boa para o meio ambiente, ótima para os negócios
“Nós temos orgulho de ter uma tecnologia brasileira exclusiva com condições de atender qualquer país produtor de aço que use os fornos de redução BOF.”
Gerson Lage Martins – Engenheiro Mecânico da PH
Desde que foi fundada, há quase 40 anos, a PH tem a sustentabilidade como uma de suas premissas básicas. Várias de suas soluções têm possibilitado aos clientes migrarem da economia linear para a economia circular não somente atendendo às necessidades de preservação ambiental e compromisso social, como também alcançando a racionalização do uso de recursos finitos criando importantes vantagens competitivas e redução de custos a partir da transição para a economia circular.
Um dos destaques é a Joint Venture PH&HPM que, desde 2018, apresentou ao mercado uma inovação exclusiva: a primeira planta do mundo de BAP Steel, com briquetes de aço puro e mais de 90% de concentração metálica. Localizada no cliente Aperam, a planta lidera a regeneração de lama rica em metais estratégicos. A iniciativa não somente preserva o meio ambiente – possibilitando tratar e recuperar resíduos da cadeia do aço, otimizando o beneficiamento e reduzindo a necessidade de extração de minério – como, também, propicia ganhos financeiros, visto que há aproveitamento de ligas metálicas nobres, além da redução do custo para destinação dos resíduos, criando importante vantagem competitiva ao cliente.
Para falar sobre essa tecnologia inovadora, a série PH de Portas Abertas convidou o engenheiro mecânico Gerson Lage Martins. Vale a pena conferir como uma empresa nacional está por trás dessa tecnologia disruptiva patenteada em 28 países, abrangendo cerca de 90% do mercado mundial de aço produzido em plantas integradas.
Como evoluímos para a Economia Circular e de que forma você percebe a mudança de posicionamento das empresas em relação a isso?
Antigamente, a economia seguia um modelo linear, onde se extraía a matéria-prima, criava-se um bem de consumo, utilizava-o e por fim descartava. Nesse caso, a matéria-prima era retirada do ecossistema e devolvida em forma de rejeito no mesmo ecossistema, o que não é algo sustentável. Prova disso é que temos hoje diversos problemas ambientais decorrentes desse processo, inclusive, perda de fauna, flora, contaminação de solo e rios.
As empresas demoraram a despertar para o fato de que nossas reservas são finitas e que é preciso aproveitar melhor a matéria-prima. Então, com o avanço tecnológico e a evolução no sentido da Indústria 4.0, a economia linear também vem dando lugar para a economia circular, passamos a tratar tanto os materiais quanto o trabalho em termos de ciclo de vida, buscando expandi-lo, e isso muda a maneira de tratar os resíduos de forma mais inteligente e eficiente.
Eu vejo que é uma evolução que estará em um processo de continuo de constante avanço. Até pouco tempo falávamos em reciclar, depois o termo evoluiu para reutilizar e hoje já evoluiu novamente. Temos algumas empresas no mercado que reaproveitam, ou seja, elas conseguem retornar com o rejeito para o processo produtivo sem maximizar o seu valor. No nosso caso, vamos bem além disso e geramos valor ao nosso resíduo, tratando-o como material que deve ter seu ciclo de vida expandido tanto quanto o produto. Um exemplo prático é a fração grossa da lama de Aciaria, onde nós da PH & HPM conseguimos separar não metálico de nosso material de interesse, o que agrega valor a ele, utilizando uma tecnologia que desagrega o material. Esse é o nosso Know-how, agregar valor retornando o material para o seu ciclo de vida natural, evitando assim que ele “vaze” do sistema produtivo sem gerar valor. O nosso trabalho é desenvolver novas tecnologias para reutilização dos rejeitos e transformar essa pesquisa em um business model de Economia Circular que seja tanto financeiramente viável, como ecologicamente correto.
O que estamos apresentando ao mercado em relação à essa inovação do BAP Steel?
Para você ter um briquete de qualidade para retornar para a aciaria, ele atingir acima de 90% de teor metálico. A PH & HPM faz um briquete de aço puro com teor de ferro em torno de 93%, 95% de pureza.
Vale ressaltar que o BAP Steel é a transformação do que era um rejeito para a empresa – vazamento de matéria prima – em um produto de alto valor agregado: os briquetes de aço puro. Com isso, a empresa reduz a compra minério de ferro e extração de minério e outras matérias primas, maximizando o aproveitamento dos materiais extraídos da natureza.
No caso da nossa planta de regeneração de lama de Aciaria instalada em Timóteo, como a Aperam trabalha com aço inoxidável, a gente consegue recuperar ligas como cromo, níquel, manganês. São ligas de alto valor, que antes eram destinadas para aterros. Na sua cadeia produtiva hoje, ao invés de a empresa pagar um aterro para poder destinar esse material, ela economiza na compra de matéria-prima, pois recebe o próprio aço de volta. Além disso, economiza com logística, na compra de sucata. Lembramos, ainda, que o nosso rejeito passa a ser um rejeito com baixíssimo teor metálico, que pode ser utilizado em um outro processo que nós da PH&HPM desenvolvemos para reaproveitar a lama fina de Aciaria, como o ACO Iron (Aglomerado Circular de Óxidos), por exemplo, que pode ser retornado ao alto forno para produção de Ferro Gusa, sem sair da cadeia produtiva do Aço, garantindo a maximização do valor do material ao evitar vazamentos no processo.
Falando em números, 4% de toda a carga do convertedor é retirada do processo em forma de lama fina e lama grossa, os processos de regeneração de lama fina e grossa desenvolvidos pela PH&HPM, se integrados tem a capacidade de reaproveitar 97% da lama total retirada do processo dentro da própria cadeia produtiva, sendo 100% aderente aos pilares da Economia Circular.
Essa tecnologia inovadora será apresentada em maio no AISTech 2025 em Nashville, Tenesse. O que a PH & HPM vai apresentar?
Referência mundial em tecnologia, esse evento reúne as maiores siderúrgicas da China, Europa, EUA, assim como as maiores universidades e centros de pesquisa do mundo. É uma alegria estarmos presentes para falar sobre Economia Circular e Evolução da Indústria 4.0, também chamada de 4ª Revolução Industrial.
Nós da PH&HPM teremos a oportunidade de compartilhar com maiores representantes da siderurgia nossa experiência ao desenvolvemos a única planta de regeneração de lama de Aciaria aderente à Economia Circular do mundo, principalmente ao entregar na forma de um briquete sem ligantes. É uma tecnologia exclusiva da PH&HPM. Somos os únicos no mundo que conseguimos desenvolvê-la e agora disponibilizamos a nossa tecnologia de desagregação de alta eficiência a todos os países produtores de aço.
Os resíduos, considerados vazamentos, que ocorrem durante o processo produtivo, sempre fizeram parte da indústria, mas hoje sabemos que é possível aproveitá-los de forma inteligente e sustentável. Nós da PH& HPM somos especialistas em reaproveitar o rejeito da melhor maneira possível. Nós desenvolvemos diversos processos onde conseguimos aplicar os conceitos de economia circular dando uma segunda chance aos materiais para retornar ao seu ciclo de vida natural, retornando a ele todo o seu valor agregado original.
Em Nashville, vamos detalhar o principal objetivo de nossa tecnologia, que é trazer eficiência para o processo produtivo por meio da economia circular. O primeiro ponto do desenvolvimento de nosso trabalho, é garantir que a matéria-prima extraída seja utilizada em seu máximo até chegar ao produto final, cumprindo o seu papel no ciclo de vida de um produto.
Quais são os mercados que a PH & HPM consegue atender?
Nós temos orgulho de ter uma tecnologia brasileira com condições de atender qualquer país produtor de aço que use os fornos de redução BOF. Nós não estamos limitados somente ao Brasil. Hoje, com a tecnologia já implementada, temos condição de atender todos os países que têm produção de aço, visto que já temos a nossa patente em cada localidade.
Os números mostram que há um campo imenso para a nossa atuação. Estados Unidos produzem 26 mil toneladas de aço ano em fornos BOF, o que representa 30% da produção de aço no país. Já na União Europeia, em torno de 56% da produção deles é nos fornos BOF: cerca de 86 mil toneladas do aço ano. Na China, que é a maior produtora de aço do mundo, essa produção chega a 86%.
Como é desenvolvido o trabalho de pesquisa para se chegar a resultados tão extraordinários na PH & HPM?
Não foi do dia para a noite que desenvolvemos a primeira planta do mundo de regeneração de lama de aciaria, foi o resultado de um trabalho inovação contínua. Hoje na vanguarda desse desenvolvimento e hoje inúmeras empresas buscam replicar nosso modelo, investindo alto buscando alcançar os mesmos resultados.
Temos a tranquilidade de ter um trabalho patenteado e consolidado. Para atingirmos esse patamar contamos com parcerias com grandes Centros de Tecnologia e Pesquisa. Atualmente, estamos na UFMG, no CIT e na Fundação Gorceix, além de estarmos em contato com centro de pesquisas na Europa e EUA.
Para finalizar, resuma de que forma a PH & HPM pode ajudar as empresas que precisam sanar o problema de destinação de resíduos?
Temos tecnologia para que toda e qualquer empresa possa ingressar na economia circular reduzindo custos e aumentando a eficiência. Além da regeneração da lama da aciaria, também disponibilizamos soluções tecnológicas para remover óleos de resíduos gerados nos processos de laminação e de usinagem. Com isso, uma superfície oleosa que eram inutilizáveis podem ser reintegradas no processo siderurgico, promovendo um ciclo sustentável e economicamente vantajoso.
Temos também uma tecnologia capaz de reduzir o teor de zinco em rejeitos, o que é um grande vilão na produção de gusa em altos fornos. Recentemente uma siderúrgica norte-americana nos procurou, visto que a sucata com zinco reduz a eficiência do alto forno. Com a nossa tecnologia a seco, conseguimos transformar esse resíduo, reduzindo para 0,24% a quantidade de zinco e tornando-o compatível com os padrões exigidos para utilização no alto-forno.
Além da siderurgia, a tecnologia da PH & HPM também se destaca pela alta eficiência em processos de mineração. Um exemplo disso é nossa solução para a despolarização de minérios submetidos à separação magnética. Na pelotização, a polarização do minério pode alterar aglomeração das partículas, comprometendo a eficiência do processo. Com nossa tecnologia, aplicamos choques controlados ao material, promovendo sua despolarização sem reduzir o tamanho das partículas, apenas desagregando-as. Dessa forma, garantimos a máxima eficiência do processo, otimizando a produtividade e a qualidade do produto final.
No setor de mineração, nossa tecnologia também tem o potencial de aumentar a eficiência em processos de separação por densidade, como flotação e espirais gravimétricas, como também melhorar sensivelmente a eficiência de processos de concentração magnéticas. Por meio da geração de micro e nano bolhas de vácuo de alta energia, conseguimos promover a desagregação de materiais ultrafinos, ampliando ainda mais nossas aplicações. Essa inovação pode ser utilizada na descaracterização de barragens e na separação de materiais que, até então, eram impossíveis de processar sem o uso de produtos químicos ou alto consumo de energia. Com isso, oferecemos uma solução mais sustentável e eficiente para desafios complexos da mineração.
Enfim, nosso desejo é que cada vez mais companhias despertem para soluções como as nossas para que possamos vivenciar uma verdadeira revolução na cadeia produtiva da indústria, fazendo com que o Ciclo de Vida dos materiais seja mais eficiente, com o mínimo de vazamentos, gerando o máximo de valor agregado respeitando o meio ambiente.